sábado, 11 de novembro de 2017

Dupla Justificação: A Necessidade de Boas Obras para a Salvação

        


     A salvação é algo que todo cristão deve prezar, seja a sua própria salvação ou a salvação das pessoas que estão ao seu redor. Jesus mesmo disse que veio para salvar o mundo, e não para condená-lo (Jo 12:47). Entretanto, devemos analisar como é que somos salvos e quais são as evidências que percebemos na vida de um autêntico salvo.
      Paulo assevera que somos justificados somente pela fé sem as obras da lei (Rm 3:28). Em outra de suas cartas, a endereçada aos gálatas, Paulo também enfatiza que somos justificados pela fé somente e que as obras não fazem parte desse processo de justificação (Gl 2:16). O que quero deixar bem claro é que há uma confusão escancarada quando não se analisa o tipo de obras que aparece nesses versos bíblicos e o que aparecem em outros momentos nas Escrituras seja da parte de Paulo, da de Tiago e até mesmo da de Jesus Cristo, o nosso Senhor. 
      Quando Paulo aborda as obras em Romano 3:28 e em Gálatas 2:16, ele deixa bem claro que são as obras de lei, que, realmente, não podem justificar ninguém, pois ele mesmo afirma que a lei serve para mostrar que o ser humano é pecador (Rm 7:7). Ele afirma também que é impossível ser justificado pela lei (Rm 8:3), ou seja, nenhuma obra da lei pode nos justificar. Independente se os judeus faziam isso para serem salvos (interpretação tradicional) ou para se manterem salvos (interpretação da Nova Perspectiva sobre Paulo), a lei era totalmente inútil quanto a qualquer tipo de justificação. 
      É preciso ser salientado que há sim um tipo de obras que são necessárias para a consumação da salvação, que são as boas obras. Como foi destacado acima, as obras da lei não tem parte alguma na salvação humana. As que têm parte no processo de consumação e evidência da salvação são as boas obras. Estas mesmas que Paulo afirma que Deus as preparou para que as praticássemos (Ef 2:10). 
     A questão mais pertinente é quanto a Tiago. Ele afirma que o ser humano é justificado pelas obras, e não somente pela fé (Tg 2:24). O grande piedoso e erudito John Fletcher, grande amigo e parceiro de John Wesley no movimento metodista, afirma que somos duplamente justificados para sermos salvos. A primeira justificação ocorre pela fé apenas (Rm 3:28; Ef 2:18) e a outra se dá pelas obras, não as da lei, mas sim as boas obras (Tg 2:24). Independente se alguém queira afirmar esse termo dupla justificação ou não, a questão é que as boas obras se fazem necessárias na vida do justificado. Isto não há como negar. Tiago aborda isso na passagem mencionada, assim como Paulo, que já vimos, e Jesus, que afirma que devemos dar frutos (obras) que evidenciam nosso arrependimento (Mt 3:18), que nossa justiça (obras) deve ser maior que a dos fariseus (estes faziam muitas aparentes boas obras) e que nossas boas obras sejam vistas por todos para a glorificação de Deus, nosso Pai (Mt 5:16). 
     Pode ser concluído que todo cristão, necessariamente, deve praticar boas obras para evidenciar sua salvação em Cristo Jesus. Não há como ser salvo se não houver boas obras. A única exceção são nos casos de pessoas que são justificadas ao crerem e depois, no mesmo instante, morrem, como no caso do ladrão na cruz ao lado de Jesus (Lc 23:32-43).